Benvindos ao meu blog. Só mais um para aumentar a comunidade do blogger.
Como o tempo livre é muito e porque adoro ser irónico, (pois afinal de contas o tempo até nem é muito,
mas se o dissesse já não estava a ser irónico e, como acabei por dizê-lo à mesma, acabo por ser irónico ao afirmar que não o era)
é apenas mais um novo projecto na minha vida. Espero que gostem...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Depois de 2012… Chega 2013!

 E, subitamente, o mundo cessa a sua actividade mental conjunta para reflectir sobre a data da moda: 21 de Dezembro de 2012. O Sol, o planeta Terra e o centro da nossa galáxia alinhar-se-ão sobre uma linha recta perfeita… O nosso planeta, que gira em torno do Sol e que, juntamente com este, gira também em torno do nosso bairro celestial na sua dança cósmica, finalmente encontram-se em fila indiana para pressagiar um final tremendo e avassalador. O mundo deixará de ser como o conhecemos e tudo o que de catastrófico possa acontecer, acontecerá no solstício de Inverno de 2012. O acontecimento foi previsto pelos Maias que assinalaram no seu calendário, um sistema de contagem temporal mais antigo que a data do nascimento de Cristo, o dia 21 de Dezembro de 2012 como o final de todos os tempos… Será esta a data do nosso fim enquanto espécie humana? Ou será finalmente esse o dia em que quebramos todas as nossas dúvidas existenciais e em que quatro cavaleiros medonhos afrontarão o nosso mundo com cornetas ensurdecedoras? Vamos esperar para ver, pois não há bunker que nos valha…
Se leu o último parágrafo, com certeza que vai querer ler os próximos, sobretudo para não pensar que este é, de todo verdadeiro. Alguns factos que nele estão escritos são verdadeiros (ou, pelo menos, baseados em algumas realidades…!). Outros são tão falsos como Epiménides no seu famoso “Paradoxo do Mentiroso”. Uma mão cheia de sites duvidosos e um par de autores e realizadores de cinema cheios de imaginação conferem a esta data comum uma boa dose de cataclismos para garantir o sucesso de um simples mexerico. Para expôr a situação de uma forma satisfatória, vamos começar por aprender um pouco acerca do calendário maia…

O CALENDÁRIO MAIA – Ciclos, ciclos e mais ciclos…

Os Maias estabeleceram-se na América Central por volta de 2000 a.C. (datas previstas pelos registos mais antigos). Há estudos que sugerem uma des-socialização do povo Olmeca (anterior a este período) e outros que, porém, sugerem uma interacção entre os dois povos. No entanto quase todos os estudiosos são unânimes em afirmar que o famoso calendário dos Maias foi elaborado, não por estes, mas sim pelos Olmecas. O povo Maia, contudo, refinou o processo e concebeu um sistema de contagem notável, de facto. Este sistema permitia a contagem de todos os dias de um modo diferente durante um ciclo de 7885 anos. É impressionante, sem dúvida, sobretudo se pensarmos na época em que o sistema foi concebido. Os Maias eram astrónomos fenomenais e muitas das suas grandiosas construções arquitectónicas eram destinadas às observações astronómicas. A linguagem Maia ainda não foi totalmente decifrada. Com a chegada dos espanhóis no séc. XVI a civilização Maia entrou num declínio abrupto e grande parte do seu património histórico, tanto artístico como literário, foi, infelizmente destruído. Os poucos documentos que chegaram aos nossos dias não são suficientes para desvendar todos os segredos, mas, pelo menos, são-no para descobrir a forma como esta civilização mística contava o seu tempo.

Os Maias utilizavam dois ciclos de dias diferentes para referir uma data. A junção dos dois sistemas origina nomes e símbolos diferentes para cada dia durante 52 anos. Para ver como funcionava esta relação é preciso primeiro abordar a numeração Maia.

• OS NÚMEROS MAIAS

Ao passo que nós utilizamos um sistema de contagem baseado no número 10, os Maias utilizavam um sistema numérico de base 20. Supõe-se que foi escolhido o vinte por ser a soma de todos os dedos no corpo humano. Além disso implementaram também o numero zero no seu sistema. É importante salientar que o zero, tal como o conhecemos, foi divulgado na Europa durante a idade média, ao passo que os Maias, tal como os Egípcios ou os Babilónicos já utilizavam o zero nos seus sistemas de contagem antes do nascimento de Cristo. À excepção do zero, os numerais Maias eram compostos por barras e pontos. Os numerais podiam ser escritos na horizontal ou na vertical:

Os números maiores que 19 eram escritos como combinação linear de potências decrescentes de base 20, cujos coeficientes variam entre zero e 19 inclusive. Não é complicado sobretudo se pensarmos num exemplo concreto. Imaginemos um número muito grande, por exemplo, 10316. Uma simples máquina de calcular permite descobrir que este número se pode decompor na soma 10316 = (1 x 20³) + (5 x 20²) + (15 x 20) + 16. Os Maias escreviam então os números 1, 5, 15 e 16 (os chamados coeficientes) por ordem da esquerda para a direita (usando os glifos verticais) ou de cima para baixo (usando os glifos horizontais). A seguir encontram-se outros exemplos bem como as respectivas representações na linguagem Maia (por uma questão de simplicidade, as sequências apresentam-se da esquerda para a direita):

Nada mau para uma civilização milenar, não?! Os glifos numéricos misturam-se com os glifos dos dois sistemas de contagem do tempo do calendário Maia. Estes dois sistemas baseiam-se em dois ciclos distintos de contagem, um que assenta em períodos de 260 dias (sistema tzolk’in) e outro baseado em períodos de 365 dias (sistema haab’). Vejamos como funcionam:

• O SISTEMA TZOLK’IN

Os Maias conjugavam os números de 1 a 13, inclusive, com 20 dias distintos, criando, desta forma 260 combinações diferentes de sequências “número/dia” por esta ordem. Os glifos utilizados para os 20 dias eram os seguintes:

A contagem começava com 1-Imix’. Até ao 13º dia (13-B’en) a sequência era formal, mas, ao 14º dia, os números recomeçavam no 1 e, portanto, chamava-se 1-Ix. Continuava até ao 7-Ajaw, o 20º dia e, ao 21º dia, os nomes recomeçavam. Este chamava-se então 8-Imix’. Este método de contagem permitia nomes diferentes aos 260 dias do ciclo e, mantendo a regra, o dia 1-Imix’ reaparecia passado exactamente um ciclo completo. A seguir encontra-se os três primeiros grupos de ciclo completo com os respectivos nomes. Um pouco de atenção permite visualizar perfeitamente que todas as conjugações são diferentes:




Prosseguindo pelo mesmo mecanismo chegamos ao 13º grupo e ao final do ciclo:

Os Maias conceberam até alguns engenhos para identificar o dia presente. Um deles consistia em duas rodas mecânicas, uma dividida em 13 partes para os números e outra dividida em 20, para os nomes dos dias. As duas rodas estavam interligadas por meio de uma engrenagem e, só ao fim de 260 dias (20 voltas completas na roda mais pequena e 13 voltas completas na roda maior) é que as duas rodas voltavam à posição inicial.

Este ciclo de 260 dias era baseado no ciclo sagrado Maia e determinava, sobretudo, a data de certas celebrações religiosas em honra dos seus deuses. A origem dos 260 dias, contudo, continua duvidosa. A inclinação geral é que 260 dias é o período médio de gestação dos humanos, entre a última menstruação e o dia de nascimento, e que o sistema tzolk’in foi desenvolvido com o intuito de prever o dia do nascimento dos bebés Maias.

• O SISTEMA HAAB’

O outro sistema de contagem do tempo permitia criar um ciclo de 365 dias, um valor muito próximo de um ano solar uma vez que desprezava a existência de anos bissextos. A contagem consistia num método aproximadamente igual ao sistema tzolk’in mas, agora, utilizavam-se novos glifos, o número zero e um mecanismo ligeiramente diferente. Os 365 dias eram compostos por 18 conjuntos (winal) de 20 dias cada (k’in) mais um período de 5 dias (wayeb’). Cada um destes conjuntos vinha então acompanhado por um número, salvo o primeiro dia (o dia zero) que normalmente utilizava o símbolo do winal isolado. Os glifos para estes períodos têm os seguintes aspectos:

A contagem agora prossegue de uma forma diferente do sistema tzolk’in. Os dias são contabilizados numericamente de 0 a 19 inclusive para cada winal da tabela anterior pela ordem apresentada. De um modo muito grosseiro, os winal são como que meses do ano, constituídos por vinte dias cada um. O último período, o wayeb’, é contabilizado da mesma forma mas apenas de 0 a 4 inclusive.



No final dos 360 dias seguia-se então os cinco k’in do wayeb’:


Decorriam então 365 dias do ano Maia.

• OS DOIS SISTEMAS CONJUGADOS

Ao contar os dias simultaneamente vamos encontrar milhares de combinações diferentes de sequências de símbolos (mais precisamente 18 980 dias, isto é, aproximadamente 52 anos). Esta junção dos dois sistemas era razoavelmente suficiente para contabilizar todos os dias da vida de um ser humano da altura, cuja esperança média de vida era inferior a 52 anos. Os primeiros dias deste ciclo monstruoso eram então identificados como:

Apesar da dimensão grandiosa do sistema duplo, as medições não eram criteriosas ao ponto de acrescentar um dia ao ciclo Haab’ de quatro em quatro ciclos, para compensar o facto do ano não possuir 365 dias exactos, mas sim 365,24 dias. Tal origina no calendário Maia um adiantamento de ¼ de dia, por ano, nas datas dos inícios das estações do ano pelo que, com o passar dos anos, estas datas iam-se alterando de acordo com o calendário. Amanhã, dia 26 de Junho de 2010, Sábado, no calendário Maia lê-se:


O primeiro de Janeiro de 2011 ler-se-á:


E o terrível 21 de Dezembro de 2012 terá o aspecto:


• O  SISTEMA DE CONTAGEM LONGA

Mas o calendário Maia tem muito mais que se lhe diga. Para contabilizar períodos ainda maiores, os Maias desenvolveram, a partir do sistema haab’, o sistema de contagem longa. Este é assente em períodos de 360 dias (relativos aos winal) desprezando os cinco dias do wayeb’. Os 18 winal constituem um tun, 20 tun constituem um k’atun e 20 k’atun formam um b’ak’tun. Conseguem-se assim assinalar 2 880 000 dias (aproximadamente 7885 anos). Apesar da haverem grandezas ainda maiores (20 b’ak’tun formam um piktun, 20 piktun um kalabtun, 20 kalabtun um k’inchiltun e 20 k’inchiltun um alautun) ficaremos pelos b’ak’tun pois, além de serem os mais utilizados, serão suficientes para relacionar o tema com o dia 21 de Dezembro de 2012.
Os Maias utilizavam este sistema para datar os seus monumentos e muitas das suas escrituras. Mais: após os cinco coeficientes apresentados em sequência pela ordem b’ak’tun/k’atun/tun/winal/k’in referiam também logo a seguir as datas escritas na linguagem tzolk’in e haab’ por esta ordem. Mas, para entender melhor o processo, vamos ver alguns exemplos e conhecer mais alguns glifos.

O primeiro destes 144 000 dias chama-se então 0-B’ak’tun-0-K’atun-0-Tun-0-Winal-0-K’in. Tal como no sistema haab’, suprimem-se os números e a sua representação limita-se aos cinco símbolos escritos pela ordem atrás representada:


Os números vão então crescendo no k’in e, ao completar 20 dias (19-k’in), aumenta o winal e o k’in recomeça do zero:


Por cada 20 k’in aumenta-se então um valor ao winal:


Ao 18º winal aumenta-se o tun e a contagem recomeça:


Depois de 20 tun aumenta-se o coeficiente do k’atun:


E, passados 20 k’atun, eleva-se finalmente o b’ak’tun:


O ciclo termina em:


E estamos finalmente em condições de escrever a data completa do dia de amanhã (26 de Junho de 2010):


A data completa de dia 01 de Janeiro de 2011 ler-se-á:


E dia 21 de Dezembro de 2012 será surpreendente:


Como se pode ver, o dia 21 de Dezembro de 2012 é o primeiro dia do 14º b’ak’tun, isto é, o 13º b’ak’tun, que decorre neste momento, termina a dia 20 de Dezembro do mesmo ano. A primeira desmistificação de todas é precisamente aquilo que os historiadores mesoamericanos sabem: o calendário Maia não termina a 21/12/2012. Apenas termina um b’ak’tun e começa  outro. Para quem não quiser desacreditar o fim do mundo, fica aqui a informação: No dia 18 de Setembro de 1618 iniciou-se o b’ak’tun que decorre neste momento. É garantido que o mundo não acabou nesse dia…

O ALINHAMENTO CÓSMICO – Coincidências do nosso bairro celestial

Todas as estrelas que vemos numa noite limpa fazem parte da Via Láctea, a nossa galáxia. Mas a Via Láctea não suporta apenas estrelas. Além do nosso sistema solar e de outros, semelhantes ou não, existem também no nosso bairro celestial outros objectos, entre os quais nuvens de gás, de pó, nebulosas, enxames, pulsares… A Via Láctea é tão grande que, só em estrelas, contabiliza mais de 200 mil milhões. Um número grandioso, sem dúvida. Não pense, no entanto, que o nosso Universo se resume à Via Láctea. Na realidade existem biliões de outras galáxias, algumas das quais visíveis a partir do grãozinho de areia que é o nosso planeta. A partir da visualização de outras galáxias e das observações feitas às nossas estrelas vizinhas, aquelas que se vêem à noite, foi possível estudar a estrutura interna da Via Láctea, bem como o seu tamanho, a sua massa e a sua velocidade de rotação.

• AS CARACTERÍSTICAS DA VIA LÁCTEA

A nossa galáxia encontra-se no grupo das denominadas Galáxias Espirais, pois, vista na perpendicular ao plano galáctico, apresenta uma região central mais densa e avermelhada (constituída pelas estrelas mais velhas) da qual sobressaem braços em espiral de conjuntos de estrelas (em geral, cada vez mais novas à medida que nos afastamos do centro). O nosso sistema solar encontra-se no meio de um desses braços.

FONTE: NASA/JPL (autor: R. Hurt; criado por NASA; domínio público)

Como é fácil visualizar as estrelas da Via Láctea distribuem-se por um disco assente praticamente no mesmo plano. Esse disco tem aproximadamente 100 000 anos-luz de diâmetro (um ano-luz corresponde sensivelmente a 9,5 triliões de quilómetros) e 2 000 anos-luz de espessura, ou seja, apenas 2% do diâmetro. O plano sobre o qual assenta a nossa galáxia é chamado de Plano Galáctico. Por seu turno, as estrelas e os respectivos sistemas solares giram em torno do centro da galáxia tal como os planetas giram em torno da sua estrela-mãe. Quanto mais afastadas as estrelas estão do centro, mais lentamente se movem. O nosso Sol e os seus planetas completam uma rotação completa em torno do centro galáctico em “apenas” 200 milhões de anos à velocidade de 225 km/s (estonteante!). Supõe-se que, no centro da Via Láctea, existe um buraco negro alimentando-se das estrelas que dele se aproximam demasiado. O nosso Sol encontra-se a cerca de 27 000 anos luz desse monstro devorador.

• O PLANO GALÁCTICO E A ECLÍPTICA

Tal como uma mini-galáxia, o nosso sistema solar tem um comportamento semelhante. Os planetas giram em torno do Sol sensivelmente sobre o mesmo plano, a chamada Eclíptica. O nome Eclíptica provém do facto dos eclipses ocorrerem apenas quando a Lua se aproxima deste plano. A Eclíptica é, portanto, o plano formado pela órbita da Terra.


Ora a Eclíptica e a Via Láctea não estão sobre o mesmo plano. Na realidade o nosso plano orbital e o plano galáctico formam um ângulo de aproximadamente 60º sobre um raio da galáxia. Cientistas supõem que esta diferença entre a posição dos dois planos se deve provavelmente a algum tipo de interacção gravítica entre o nosso Sol e outra estrela que decorreu algures no passado. Para perceber melhor o que se passa, observe o seguinte esquema:


Em todos os anos, no dia 21 de Dezembro, o planeta Terra está no seu ponto orbital mais afastado do centro da galáxia. O alinhamento que ocorrerá no dia 21 de Dezembro de 2012 na realidade ocorre todos os anos no mesmo dia. Pelos mesmos motivos um alinhamento do mesmo género ocorre também a 21 de Junho todos os anos quando a Terra se encontra no seu ponto orbital mais próximo do centro da Via Láctea. A diferença é que, em Dezembro, o Sol encontra-se entre a Terra e o centro galáctico enquanto que, em Junho, é a Terra que está entre as outras duas entidades.



Como agora relacionar o calendário Maia com este evento aparentemente vulgar? Bem! Na realidade é muita coincidência a mudança do b’ak’tun ser precisamente no dia 21 de Dezembro, quando o Sol, a Terra e o Centro da Via láctea estão sobre a mesma linha recta. No entanto tal já aconteceu no passado e voltará a acontecer no futuro, mais precisamente no dia 21 de Dezembro do ano de 24 879 (daqui a quase 23000 anos ou 58 b’ak’tun completos). Mas a mudança de b’ak’tun ocorre sempre num dia do ano, como é evidente. Porque não ocorrer no dia 21 de Dezembro? Por ser um acontecimento raríssimo, é muito fácil relacioná-lo com qualquer data, a nível astronómico ou não. Este é, no fundo, o verdadeiro poder desenfreado da mente humana.
Para, no entanto, não deixar este post sem sabor, vou relacionar o calendário Maia com outro tema científico que, realmente, é surpreendente. Na verdade existe algo que poderá vir a acontecer no dia 21 de Dezembro de 2012 relacionado não com o alinhamento que atrás descrevi mas com o movimento de precessão dos equinócios do nosso planeta.

FACTOR DETERMINANTE: 26 000 ANOS – A grande surpresa do Calendário Maia

Para a civilização Maia, havia um outro ciclo escondido por detrás do calendário de contagem longa relacionado com o sistema de contagem tzolk’in. De 13 em 13 b’ak’tun o dia no sistema tzolk’in repete-se a partir do início do b’ak’tun. O início deste sistema ocorreu no dia 11 de Agosto de 3113 a.C. O dia 21 de Dezembro de 2012 assinalará precisamente a passagem de 13 b’ak’tun:


Os Maias consideravam que 13 b’ak’tun constituíam então um ciclo sagrado ou profético e que cinco destes ciclos (grupos de, portanto, 65 b’ak’tun) constituíam uma era terrestre. Estes 65 b’ak’tun equivalem a aproximadamente 26 000 anos, ou exactamente a 26 000 ciclos de 360 dias cada um. Ora um factor interessantíssimo é que 26 000 anos é também o período correspondente a um ciclo completo da precessão dos equinócios no movimento de rotação do nosso planeta (os valores exactos são ainda mais próximos uma vez que 65 b’ak’tun são 25 627 anos e o movimento de precessão tem um ciclo de 25 800 anos, um erro de apenas 0,7%).
Para entender o que significa movimento de precessão é necessário compreender que o eixo de rotação da Terra não é de todo perpendicular à Eclíptica. O Pólo Norte descreve ao longo dos 26 000 anos uma circunferência em relação ao planeta Terra.


Além do factor surpreendente de 65 b’ak’tun corresponderem ao período de uma rotação completa no movimento de precessão dos equinócios (que talvez não seja uma mera coincidência uma vez que os Maias eram astrónomos notáveis), é conseguir conciliar este período com outros factores históricos. Uma das teorias permite mesmo a inversão dos pólos magnéticos a cada movimento completo de precessão. E mais: É possível então correlacionar estes movimentos e estes ciclos com as Idades do Gelo que ocorreram no passado. As grandes glaciações do passado ocorreram com um intervalo de 100 000 anos entre elas (sensivelmente 4 ciclos de 65 b’ak’tun ou 4 voltas completas no movimento de precessão dos equinócios). É sem dúvida uma coincidência fantástica e nós, enquanto humanos, não podemos deixar de pensar que as duas coisas estão relacionadas. E talvez até nem estamos errados! A ser verdade, e tendo a referência da última grande glaciação ter começado há cerca de 110 000 anos, talvez possamos estimar que o dia 21 de Dezembro de 2012 assinalará um evento que irá alterar completamente o nosso planeta nos próximos milhares de anos: O início de uma nova Era Glaciar! É de notar que os períodos mais frios durante uma Era Glaciar duram aproximadamente 90 000 anos intercalados por períodos de 10 000 anos de temperaturas mais quentes. Se realmente houver alguma verdade nisto, nós estamos no final desse período de 10 000 anos e a data precisa de transição entre as duas Eras Glaciares será então 21/12/2012.


Como se pode constatar o polígono que marca os inícios das Eras Glaciares dos últimos milhares de anos é quase linear. O coeficiente da correlação desta linha é igual a 0,98 (uma correlação fortíssima), portanto é de esperar que, realmente, as Eras Glaciares no nosso planeta são cíclicas. O mais interessante é que se entrarmos agora com um novo dado (imaginemos que estamos mesmo à beira do início de uma nova Era Glaciar) o coeficiente de correlação aumenta para 0,99, isto é, uma correlação ainda maior. Não acredita? Mas há mais… Segundo uma estimativa linear, colocando os pontos em regressão, vamos encontrar a recta que passa o mais perto possível dos pontos indicados. Essa recta tem a particularidade de prever a data de acontecimentos regulares (é uma previsão estatística, mas não deixa de ser uma previsão). Para este post determinei a equação dessa recta (do tipo y = mx + b) pelo método dos mínimos quadrados, considerando x como sendo a ordem da Era Glacial e y a idade do começo das mesmas.
Qual não foi a minha surpresa quando encontrei a equação y = 106 200x. Só! Não há b! Aliás! Haver até há! Só que é igual a zero… Quem perceber um pouquinho de matemática, já se apercebeu do que eu estou a falar e imagino que esteja petrificado! Para quem não sabe o que tal quer dizer, eu passo a explicar: se fizermos x = 0 (estamos, portanto, a considerar uma nova Era Glaciar) vamos encontrar y = 0 … Isso significa que uma nova Era Glaciar tem idade igual a 0 anos (aproximadamente) e, portanto, está prestes a começar. Nunca pensei que realmente encontrasse este resultado!

Este é, sem dúvida, o resultado mais inesperado que obtive mas, no entanto, isto não prova que o calendário Maia prevê este tipo de ciclos e está certo em relação à grande mudança de b’ak’tun no dia 21 de Dezembro de 2012. Para quem gosta destas coisas, termino este post com um pequeno apontamento relativo às mudanças climatéricas dos últimos anos. Um aquecimento global está bastante relacionado com o desencadear de uma Era Glaciar. Alguns estudos afirmam mesmo que qualquer Era Glaciar é antecedida por alguns anos de aquecimento global. Ora, se tudo estiver relacionado, as alterações climatéricas que estamos a atravessar no momento podem estar muito pouco relacionadas com as quantidades de dióxido de carbono que o homem expele para a atmosfera. Existem, inclusive, cientistas que defendem com unhas e dentes que as duas coisas não estão minimamente relacionadas uma vez que argumentam que as quantidades de CO2 produzidas pelo homem são praticamente desprezíveis em relação à massa total da nossa atmosfera. Será verdade? Bem! Não sou o homem do tempo, portanto… Seja como for, tudo leva a crer que estamos à beira do começo de uma nova idade do gelo. E, além disso, o estudo que fiz parece mesmo sugerir que este evento foi previsto pelo calendário Maia e que o ponto de viragem é no dia 21 de Dezembro de 2012. Por incrível que pareça, nessa data o centro da nossa Via Láctea, o Sol e o planeta Terra estarão em perfeita harmonia sobre a mesma linha deitando mais achas na fogueira e alimentado a mente sedenta de correlações que é a dos humanos. Que raios! E eu também as encontrei! Afinal sou tão humano como os outros que me rodeiam…

REGRA GERAL…

…mesmo que a correlação encontrada seja verdadeira; mesmo que a grande mudança de Eras se dê pela passagem do 13º para o 14º b’ak’tun do calendário Maia; mesmo que o alinhamento entre o centro galáctico, o Sol e o planeta Terra seja um factor intermediário nas conclusões que tirámos; mesmo, mesmo, mesmo… A verdade é que essas alterações serão graduais e demorarão centenas, ou até mesmo milhares de anos a concretizar-se. Períodos demasiadamente longos para o factor mais decisivo de todos: a nossa longevidade. Nós temos o poder da adaptação! E se o período que nos obriga a tal feito se prolongar a várias gerações, essa adaptação pode até existir… Mas é certo que irá passar despercebida.